quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Quem é Você Quando Ninguém Está Olhando?




QUEM É VOCÊ QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO?
Como preservar os traços de caráter ameaçados de extinção 
(Bill Hybels)



Antes de iniciar a leitura deste livro, estava em dúvida se antes dele lia um sobre liderança. Queria ler algo sobre negócios, pois havia um bom tempo que estava lendo literatura cristã uma atrás da outra. Decidi então ler “Quem é você quando ninguém está olhando” de Bill Hybels já que na verdade deveria ter lido há algum tempo; resolvi acabar com a pendência antes de partir para o business. Que grande surpresa! Li o livro no momento certo e seus ensinamentos poderiam facilmente atingir toda e qualquer área de minha vida, seja nos relacionamentos, vida espiritual, profissional, enfim. Durante a leitura fiquei admirado como o autor faz bom uso de cada página e é eficiente e direto ao colocar suas ideias. Ao decorrer da leitura comparava o livro com tantos outros que poderiam ser escritos em um livreto, sem “encher linguiça”. O livro faz bom uso de suas 128 páginas e cada uma delas faz jus de estar na obra; ao contrário de muitos livros que poderiam ser escritos em uma breve cartilha de 10 páginas. Você se surpreenderá em como preservar traços de caráter pode ser benéfico a você e todos à sua volta.

Segue o resumo:

Certo sábio disse: caráter é aquilo que você faz quando ninguém está olhando. Não há como negar a falta de determinados traços de caráter em nosso dia a dia. Bill Hybels cita mais especificamente cinco traços que estão ameaçados de extinção: coragem, disciplina, visão, perseverança e principalmente o amor. Este livro, segundo o autor, é para aquele que reconhece que a firmeza de caráter é algo raro e gostaria de apresentá-la; para aquela pessoa que já entregou sua vida a Cristo e deseja experimentar mais transformação e demonstrações de virtude; mas não para alguém que busca mais aprovação de Deus, pois nosso reestabelecimento com Ele vem da graça, favor imerecido, e não de nossos esforços. Bill Hybels acredita que os traços de caráter em questão são desenvolvíveis.
               “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2 Timóteo 1:7). Muitas pessoas se esquecem desta verdade e acabam tomando decisões que vão com a correnteza, ao invés de tomar atitudes conscientes e corajosas. Todos os dias somos desafiados a tomar decisões e a demonstrar coragem. A própria vida cristã exige muita coragem, ao contrário do que o mundo possa dizer e imaginar. A fé exige do cristão o melhor de si; provações e ordenanças são algumas diretrizes de Deus que nos desafiam constantemente. Confessar os pecados a um Deus Santo; isso requer coragem! Definitivamente a coragem espiritual é um traço em extinção. Outras situações também exigem coragem assim como na vida espiritual. Os relacionamentos exigem coragem para que ameaças sejam assumidas e atitudes sejam tomadas; a educação dos filhos exige coragem para ir em frente mesmo com a desaprovação dos mesmos; certas atitudes morais exigem coragem para combater a ordem vigente do mundo. Poucas pessoas tem coragem de sair de sua zona de conforto e confrontar os problemas em prol de uma união estável, da educação dos filhos e do próprio desenvolvimento moral, optando pelo conforto, mas permitindo com que as relações sejam desconstruídas de pouco em pouco. É justamente esse confronto, encarar os temores que o afligem, que faz com que a pessoa cultive e desenvolva a coragem. Bill Hybels cita as vezes em que seu pai o incentivava a dirigir um caminhão enorme que o trazia muito medo; saía de cena para que Bill pudesse assumir o leme de uma embarcação em meio a ondas; e o forçava a pousar no Meigs, uma pista que o amedrontava. Tudo muito bem pensado pelo seu pai. Hybels diz que toda vez que encaramos nossos medos e os vencemos, crescemos mais um pouco. Outras formas de cultivar e desenvolver a coragem são a de andar com gente corajosa e ler seus feitos, como bibliografias e histórias de pessoas como Moisés, Daniel, Ester e Paulo, que mesmo humanos e cheios de temores, fizeram o que tinham que fazer, em uma atitude de fé, e cresceram.
O segundo traço de caráter citado por Bill é a disciplina. Pessoas felizes, bem sucedidas e vitoriosas têm sempre em comum essa qualidade. Na verdade, disciplina é um dos traços mais importantes e chave para o desenvolvimento de qualquer área da vida. “Ter disciplina é retardar a auto-satisfação”. O autor cita alguns exemplos bem simples para demonstrar a disciplina como o garoto que come o bolo e deixa a cobertura para o final e o rapaz que enfrenta situações rigorosas no começo de seu trabalho pensando em uma recompensa futura de maiores salários, períodos de descanso e reconhecimento. Na vida espiritual não é diferente quando, por exemplo, tiram-se momentos a mais de repouso na cama, para dedicar em oração e leitura, na certeza de que o dia será bem melhor. No casamento e na criação dos filhos, novamente, a disciplina é peça-chave para a manutenção e desenvolvimento de ótimas relações. É necessário deixar a acomodação e a procrastinação para dar um basta nos problemas do casal, dando lugar para uma conversa franca; é necessário gastar um tempo com os filhos e em seu lazer ao invés de descansar no sofá ou assistir a TV. Não é uma tarefa fácil, mas a recompensa futura será desfrutar de relacionamentos maravilhosos durante toda a vida. “A essência da disciplina é retardar a auto-satisfação e o segredo para conseguirmos aplicá-la é tomar as decisões antecipadamente”. Bill compreende que entender e praticar a disciplina são duas situações completamente diferentes, e para tanto, demonstra a necessidade de antecipar decisões para torná-las um hábito. Para a saúde física, separar fixo na agenda um tempo na academia; para as finanças, um orçamento; para manter vivo um relacionamento, encontros programados; para uma vida com Deus, doses mínimas para o crescimento espiritual. Para aqueles que têm dificuldade em executar as decisões tomadas, o autor sugere a prestação de contas com um amigo que cobre por elas, e o descanso na promessa de Gálatas 5:23, sobre o Espírito Santo nos conceder domínio próprio. Bill Hybels enfatiza as recompensas da disciplina e levanta o perigo dos apelos do caminho fácil e imediatista. Uma vida cristã estável, corpo e cabeça em forma, casamento bem-sucedido, patrimônio crescendo e vida livre de dívidas são alguns dos benefícios trazidos pela disciplina.
Hybels conta a história de dois homens em uma mesma cela, onde um deles vivia triste e o outro alegre, sempre com um sorriso no rosto. A diferença era que o último enxergava o céu por detrás de um pequeno quadrado, e o outro só conseguia ver as barras de ferro. O mundo está cheio de pessoas mantendo o status quo, mas poucos homens de visão, que enxergam além do óbvio. Ser visionário dá trabalho e por isso a escassez. Inovar requer muitas vezes confiança e ousadia. A maioria das pessoas não querem riscos para a sua vida. Os visionários erram muito até acertar e é mais fácil não correr riscos, mantendo a tranquilidade e segurança. Sem muita persistência, por exemplo, não é possível estar de joelhos até que Deus nos dê novas ideias. O primeiro aspecto da visão envolve a capacidade dada por Deus para enxergar soluções para os problemas. Por incrível que pareça, as pessoas em geral acabam se identificando com seus problemas, tornando-se autopiedosas. Elas fazem tudo, menos o que realmente deveria ter sido feito: empenho na busca de solução. As pessoas de visão e que cultivam essa característica passam pelos mesmos problemas de todas as pessoas, porém, lutam e buscam maneiras de solucioná-los. Além disso, Deus é maior que todos os nossos problemas e ficaríamos surpresos em descobrir o quanto sabedoria e criatividade Ele quer dar àqueles que buscam nEle a resolução de seus problemas. Quatro formas possíveis de enfrentá-los são: firmar nas promessas de Deus como em Mateus 19:26, reivindicar sabedoria como em Tiago 1:5, aconselharmos com bons e sábios amigos e listar opções para os problemas. O segundo aspecto da visão é a habilidade de enxergar além do exterior das pessoas. Bill é irônico ao dizer que é incrível como as pessoas tem a habilidade de enxergar o óbvio nas outras pessoas para depois tecer as brilhantes percepções com as outras. Os homens de visão têm a missão de enxergar aquilo que Deus colocou de excelente no íntimo de uma pessoa e trazer aquilo à tona. Jesus enxergou em Pedro, um homem iletrado, determinação. O mundo precisa de pais com visão, maridos com visão, empresários com visão, testemunhas com visão. O terceiro e último aspecto da visão é compreender aquilo que Deus quer fazer através de nossas vidas caso haja entrega. A atitude de olhar para as barras de ferro ao invés de crer e enxergar as estrelas reprime e entristece o Espírito de Deus. Deus tem grandes planos para cada pessoa e inclusive, gosta de usar as fracas e simples para confundir as fortes e sábias; basta pedir para ser útil e direcionado.
Apesar das Escrituras Sagradas dizerem que não é bom viver do passado, é importante ressaltar o alto preço que é pago pela falta do quarto traço de caráter em extinção: a persistência. Desistir cedo demais é muito mais fácil do que perseverar, porém pode-se pagar caro por isso. Bill ilustra a história de um homem que ganhou na loteria o traço de perseverança e insistiu em seu emprego, na sua relação conjugal, nos estudos e na vida espiritual. Em um determinado ponto, pôde concluir que se ganhasse ao invés da qualidade, R$ 7 milhões, talvez não fosse tão feliz e bem-sucedido, podendo desistir de tudo e perdido a dignidade e a própria vida. As Escrituras também ensinam que as provações geram persistência, mas a realidade é que em geral, as pessoas vivem fugindo de provações e adversidades, enquanto deveriam agradecer a Deus por elas, pois têm parte crucial no desenvolvimento da persistência, uma arma poderosa no arsenal do caráter humano. A perseverança confere força de sustentação à coragem e disciplina, e dá vida, traz à realidade a visão (a qual sem perseverança é apenas “castelos no ar”). O autor inteligentemente coloca as questões dos valores “modernos” como o doce alívio da desistência; o empregado que depois de discordâncias no emprego fica com os nervos à flor da pele e finalmente explode com seu patrão, pedindo sua demissão, com a música intensificando e as câmeras focando suas expressões; ou a mulher que depois de um momento de tensão, dá um tapa na cara do marido em sincronia com a sonoplastia. Pois bem, esquece-se de dizer que agora o homem está desempregado, a mulher solteira e seu filho não mais pai tem. “Desistir não é fascinante nem aprimora nosso caráter. Deus não chama isso de benção”. Tornam-se extraordinários aos olhos de Deus aqueles que perseveram com Sua ajuda. O próprio autor conta como chegou a pensar em se separar e hoje, ao olhar para sua mulher, pensa em como teria sido idiota em ter desistido do casamento. A forma como as pessoas encaram a situação também é bastante relevante. É feita uma comparação entre um bloco de concreto e uma folha de papel; a cada resistência diante da tentação de desistir, provamos para nós mesmos que ela não é tão forte quanto parece. Se decidirmos lutar e sair do comodismo, mesmo quando a situação requer uma resistência maior (como dar a última volta com as pernas gritando “basta”), fazemos dela uma folha de papel e a rasgamos. Hybels convida o leitor a descansar em Deus nas lutas para que a persistência seja aprimorada e a provar Sua verdade e fidelidade dizendo a Ele que vai continuar firme, confiando em Sua capacitação para sair vitorioso.
O último e mais ameaçado traço de caráter é justamente aquele que todos afirmam querer – o amor. Existem diferentes formas de amor, mas todas igualmente necessárias para que seja completo. Bill comenta sobre seu casal de filhos, criados sobre o mesmo teto, porém, um com uma doce ternura, e outra demonstrando maior firmeza, chegando ao limite da insensibilidade. A verdade é que ambos, a ternura e a firmeza, são lados necessários do amor. Inicialmente, aconselhando aos insensíveis a desenvolver a ternura, o autor levanta a questão do amor de Deus para cada pessoa. Em certa ocasião, um cego no primeiro instante da cura enxerga árvores, e após Jesus esfregar novamente as mãos nos olhos do homem, passa a ver pessoas. Olhar com os olhos de Deus nos faz enxergar além de árvores, mas individualmente; criações exclusivas de Deus pelas quais Jesus verteu Seu sangue. Todos podem se tornar compassivos a partir do momento que reconhecem que Deus ama cada um, se importa com cada um, escuta atentamente cada palavra dita, e após uma falha, continua tratando com o mesmo amor e respeito. A empatia, a atitude de se colocar na pele do outro, faz cair uma muralha de pedra em nossos corações. Quando as pessoas puderem perceber que podem encontrar amor no lugar onde adoramos a Cristo, nossas igrejas começarão a gerar mais e mais frutos.
O outro lado desta mesma moeda é o amor firme. Muitas vezes nas Escrituras, como em Mateus 23:13-33, percebemos um Jesus duro, mas Sua pretensão era revelar a verdade para as pessoas para que elas pudessem ter vida eterna. Bill Hybels afirma que existem muitas pessoas andando em círculos, atordoadas em decepções e precisam do amor firme. Para praticarmos este amor, devemos ter duas certezas: a de que falar a verdade é mais importante do que evitar conflitos e que o bem estar da pessoa é mais importante do que a harmonia atual. Devemos evitar uma tranquilidade falsa, mas buscar a paz de Deus fundamentada na verdade, que só é restaurada quando há uma conversa cristã – amedrontadora, mas necessária. Bill desafia o leitor a brigar pela manutenção e desenvolvimento de relacionamentos da mesma forma que se briga por questões materiais. A não resolução de um conflito cria descontentamento, que gera a raiva, amargura, e por fim, ódio. Efésios 4:25 diz para falarmos a verdade uns com os outros e o autor fornece quatro maneiras para o preparo da conversa. Em primeiro lugar, esclarecer bem a questão, anotando perguntas sobre as questões do conflito; em segundo, examinar a si próprio para não cair em acusação ou algum outro tipo de espírito crítico; em terceiro, a escolha apropriada do momento e do local; por último, ore! Metade da batalha é ganha no preparo e a outra metade, na condução da conversa com sensibilidade. Amar com firmeza não significa ser insensível. Antes de tudo, expor a importância do relacionamento e sua manutenção; deixar claro, com cuidado, o ponto de vista particular, sem acusações (evitar “você sempre” ou “você nunca”); e manter um canal de diálogo aberto, fazendo perguntas sobre sua postura e pensamentos, evitando confrontos. O amor de Cristo é o mais compassivo que pode haver e também o mais firme que se pode encontrar.
Segundo os critérios do mundo, o amor é o que podemos tirar dele, e não o que podemos contribuir. Nesse sentido, a parábola do bom samaritano não é de forma alguma uma história de amor. Podemos até trocar o homem ferido por uma loura num Porsche vermelho com os pneus furados, e o samaritano, no caso nós, trocaria os pneus sem ao menos sujar as mãos e ganharia um belo beijo de agradecimento da loura. O amor verdadeiro é sacrificial, muito diferente do que é relatado pelo mundo. Bill conta como ajudou uma velinha com seu carro em um frio polar, sem nenhum tipo de esplendor. O amor tem mais a ver com a condição de servo do que herói, mais trabalho do que diversão. Temos como perfeita definição de amor o relato de João 3:16. Todos os dias somos bombardeados com frases do tipo “guarde dinheiro, cuide de si, seja feliz”, enquanto Jesus disse para carregarmos nossas cruzes e segui-lo e que quem achasse sua própria vida a perderia. “Paradoxalmente, quando nos entregamos a Deus e servimos ao seu povo com amor sacrificial, encontramos uma felicidade e uma satisfação que o mundo não conhece”. No casamento, por exemplo, é enfatizado o máximo de prazer com o mínimo de sacrifício, enquanto a união bíblica nos ensina a servir, doar com amor; nas amizades, nos aproximamos daqueles com quem temos interesses em comum e até temos um tipo de conta bancária da amizade com as quais podemos fazer alguns saques de acordo com o que temos oferecido, enquanto a amizade cristã é uma escolha de se doar. Investimentos nosso tempo, gera-se intimidade, encorajamos, aconselhamos, desafiamos e repreendemos uns aos outros. Porém, Deus nos chama para uma maratona, e não uma corrida de 100 metros rasos, portanto, é necessário reabastecimento quando há falta de amor. É preciso buscar Deus no íntimo, um lugar solitário para reabastecermos espiritualmente, bem como Jesus e Davi fizeram em seus momentos de aflição. Enfrentamos situações ao longo da caminhada que podem nos entristecer e para isso devemos também reabastecer emocionalmente com descanso e lazer. Podemos mesmo espiritualmente e emocionalmente inteiros, ainda nos encontrar em falta, muitas vezes pelo esgotamento físico. Alguém assim certamente se irritará com maior facilidade, e para se reabastecer, deve dar atenção à alimentação, dormir o suficiente e exercitar-se. Bill Hybels assume que não é fácil amar de verdade e o preço a ser pago é maior do que se imagina, porém, nossos esforços não são em vão, como relata uma das promessas de Deus em Mateus 19:27-29. Além disso, o autor nos afirma que ficaremos maravilhados com as bênçãos que alcançarão nossas vidas e teremos manifestações de alegria e adoração verdadeiras, as quais infelizmente não são conhecidas pelo mundo.
Em Mateus 5:39-41, Jesus mexeu com os padrões vigentes e demonstrou o tipo de fé e atitude que queria: a demonstração de um amor radical. Na realidade, Deus procura servos que possam expressar Seu amor pela pessoa que proferiu o tapa, oferecendo a outra face. Quando oferecemos mais do que a cota mínima de serviço, deixamos marcas nas pessoas. Quebramos o ciclo vicioso de hostilidade quando abrimos mão, quando entendemos que o amor próprio não é a coisa mais importante do mundo, enfim, somente através do amor radical. Um dos oficiais romanos nunca devia ter sido ministrado com a palavra de Deus, porém, na cruz, ao ouvir Jesus pedir perdão pelos pecados daquele povo que O tinha crucificado, o oficial se rendeu a Cristo, impactado pelo Seu amor radical.  “O amor radical une a alma daquele que o pratica ao coração de Deus”. Quanto mais andarmos a segunda milha, resistirmos a situações críticas, mais mergulhamos em águas profundas na comunhão com Cristo.
Jesus deixou bem claro quem era e quem não era. Ele é o bom pastor; Ele não é ladrão. O ladrão rouba, mata e destrói, mas o pastor coloca ordem na casa, enchendo-a de coisas boas e necessárias para que se torne aconchegante e agradável. Como pastor, poderia ser dono ou assalariado, mas como dono, Jesus tem interesse por Suas ovelhas e sabe muito bem cada passo delas. Em João 10:14-15 descobrimos que podemos ter uma intimidade tão grande com o Pastor quando a dEle com seu Pai celestial. Quem testifica se somos filhos de Deus é Seu Espírito que nos é concedido; recebemos Seu nome, somos cristãos; herdamos sua herança, a vida eterna.
Coragem, disciplina, visão, persistência e amor; virtudes necessárias para a formação de um caráter inabalável. É preciso caráter para viver uma vida com Deus. E Ele não espera que o tenhamos desenvolvido ou parecido com a de Seu Filho para nos chamar. Ele nos concede o melhor exemplo de caráter, Jesus Cristo, e a melhor escola para seu aprimoramento, a comunhão da Sua família, a igreja.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A Menina do Vale



A MENINA DO VALE
Como o empreendedorismo pode mudar sua vida
(Bel Pesce)

Neste livro, Isabel Pesce, uma garota de 24 anos de idade, transmite de forma direta e sucinta, aquilo que aprendeu em seus anos de experiência no Vale do Silício, cidade americana que respira inovação e tecnologia, berço de inúmeros startups que se tornaram empresas globais. Bel Pesce, como é descrita na capa, apesar da idade, demonstra ser uma pessoa extremamente proativa e inteligente, tendo em seu currículo formações na MIT (Massachusetts Institute of Technology) e passagens em empresas como Google e Microsoft.
Pesce inicia seu livro com o discurso da idade. Afirma que idade não é impedimento para aquele que sonha e tem o objetivo de crescer profissionalmente, citando alguns exemplos de pessoas que iniciaram após os 50 anos, como o idealizador da expansão do McDonald’s e dois irmãos abaixo dos 20. Para Bel, certamente a obtenção de conhecimento e experiência é crucial para todo profissional. Para tanto, ela se valeu de livros, blogs, pessoas, e suas conclusões nas empresas onde trabalhou. A autora fez questão de trabalhar em vários tipos de empresas para extrair o máximo delas; pequenas, grandes, novas e antigas.
Bel retrata um cenário bastante real e assustador na vida daqueles que têm o desejo de empreender: situações cotidianas podem afastar as pessoas de seus projetos de longo prazo. Para ela, ter uma pessoa a quem admirar faz com que o foco seja mantido e que horizontes maiores e mais ousados possam continuar sendo visionados. A busca de conselhos, a escolha e o cuidado com o mentor são atitudes relevantes. Devem ser tomadas incitativas tais quais: troca de emails, telefones e simplesmente pedir o mentoreamento. Segundo Bel, a “mágica acontece” com um bom networking, o qual gera sócios, advogados, mentores, etc.
Uma das coisas mais importantes durante o processo empresarial é o aprendizado com o erro. Bel é insistente quanto à visualização do erro como uma forma de evoluir, voltando ao assunto em diversos capítulos. Algumas formas de se evitar o erro, porém, são apontadas, como dividir problemas e dilemas com outras pessoas, sem claro abrir completamente a situação, manter uma comunicação aberta para evitar surpresas e sempre fazer uma reflexão sobre nosso comportamento. A diferença estará em como lidar com o problema, pois toda empresa o tem. Quem não comete erros, segundo Pesce, não se arrisca o suficiente.
A partir dessa questão, surge o que Bel chama de “o maior erro de todos”. A acomodação é algo que não reflete o perfil de um empreendedor. “O maior risco é aceitar um não quando o sim é uma possibilidade”. Não há desvantagens, contanto que haja esforço máximo ao projeto. O risco faz parte da vida do empreendedor, e deve ser tratado com seriedade e sempre calculado, porém, aceito como parte inerente ao empreendedorismo.
A iniciativa, portanto, deve ser relevante para o empreendedor; estar sempre à frente, fazer tudo com excelência e surpreender os outros além das expectativas. O fato de tomar o primeiro passo também é importante. Bel Pasce descreve um dos livros que leu e escreve sobre o mínimo produto viável, algo como um protótipo do produto, o qual não se espera demais para lançar e também não é inserido abaixo do aceitável pelo mercado. A importância de colocar um produto assim é a possibilidade do profissional ir validando seu produto junto ao mercado, sem perder o timing, já que tempo neste mercado é crucial. Bel diz que constantemente o produto final não será nada parecido com aquilo que foi pensado inicialmente. As empresas devem ser capazes de se adaptar, entender e amoldar o produto de acordo com o que o cliente realmente quer.
Apesar da atitude proativa, deve haver paciência, pois muitas pessoas na ansiedade de lançar seus produtos se movem rapidamente, porém na direção errada. Deve haver paciência ao validar o produto e ao escolher a equipe, pois é a capacidade dos envolvidos que dará a aceleração necessária ao projeto. Inúmeras ideias surgem por todos os lados, mas é a boa relação entre os membros da equipe e o diferencial que ela possui que vai ditar a execução das mesmas. Uma maior comunicação entre a equipe pode ser atingida, por exemplo, com a humildade do líder. Com um ambiente aberto a aprendizado, a comunicação se multiplica e com isso, também a eficiência. É importante deixar claro a diferença entre confiança e arrogância.
É bom saber que os novos empreendedores reconhecem a necessidade de um bom e árduo trabalho, como reconhece Isabel. A maioria dos grandes empreendimentos começou com uma equipe e uma visão. "Os empresários bem sucedidos são apaixonados pelos problemas que resolvem e não pelo glamour que virá com o sucesso". Por isso, Bel aconselha ao leitor a se apaixonar pela resolução de um problema, para que a empresa não seja engessada a um método, mas livre e flexível, adaptável a novas questões. Quando há paixão, as energias são bem canalizadas.
Bel também dá algumas dicas que funcionam para ela como formas de motivação, como sair da zona de conforto para visualizar novas possibilidades e gerar coragem para agir; encontrar algo que te energize novamente, no caso dela, uma música, uma propaganda e um pensamento. Enfim, é também relevante que tenhamos estratégias de geração de motivação, equilíbrio e mente renovada, buscando sempre o aperfeiçoamento em prol da saúde empresarial.

O Deus Esquecido



O DEUS ESQUECIDO
Revertendo nossa trágica negligência para com o Espírito Santo 
(Francis Chan com Danae Yankoski)

                O Deus esquecido certamente é uma obra escrita por alguém apaixonado pelo Espírito Santo. Podemos perceber isso ao longo das páginas do livro, através do qual Francis Chan, de forma contagiante e apaixonante, vai desenvolvendo e intensificando uma bela linha de pensamento sobre a terceira Pessoa da Trindade. É interessante ressaltar que o próprio autor negligenciou o Espírito de Deus por um bom tempo em sua caminhada.
                Chan relata as mudanças pelas quais a Igreja passou, se tornando mais envolvente a partir das décadas de 80 e 90, mas não necessariamente com a direção e presença do Espírito de Deus. Muitas igrejas têm amparado seu crescimento na intensificação de suas atrações e no entretenimento, negligenciando o poder do Espírito Santo em conduzir suas atividades. Francis é categórico ao declarar a necessidade do cristão e da Igreja em se submeter e buscar o Espírito de Deus, e nos relembra como a igreja primitiva vivia nos tempos do livro de Atos. Pedro, um homem iletrado, após o dia de Pentecostes, pregou para uma multidão, e três mil pessoas foram convertidas. Houve milagres e prodígios, todos repartiam seus pães e viviam em comunhão. O autor acredita que podemos vivenciar o mesmo que aqueles apóstolos vivenciaram naqueles tempos pelo poder do Espírito de Deus.
                Francis Chan faz um apelo aos cristãos que abram sua mente sobre a verdade sobre o Espírito de Deus assim como está escrito; discorre pouco sobre a revelação bíblica de que o Espírito Santo é Deus, compensando ao afirmar categoricamente ao longo das 142 páginas, que sem completa submissão e dependência a Ele, não poderemos ter uma vida plena e abundante. Chan cita algumas passagens chave contra doutrinas estranhas como Daniel 10:13, onde diz que Miguel é um dos príncipes, refutando a ideia de que Jesus é o único arcanjo (Ele é Deus) e João 14:16 sobre “o outro Conselheiro” (consultar estudos bíblicos). 
                Com ousadia, o autor vai aos poucos encorpando o alimento, gradualmente tocando em assuntos mais sérios, como alguém que pretende impactar e sacudir seus leitores. Discorre sobre o fruto do Espírito, atitudes como mansidão, domínio próprio, paz, amor, fidelidade, bondade e benignidade, e com sabedoria, afirma que se as atitudes do leitor não correspondem às citadas, certamente não está “vivendo pelo espírito”.
                O medo como forma de não se sujeitar a Deus é tocado no livro. Existem dois medos que tomam conta dos crentes: o medo de que Deus não nos responda e não nos encha do Espírito, e o medo de que Ele responda e nos leve a situações desconfortáveis. Bem, no primeiro caso, o autor instiga nossa fé cruzando algumas perguntas se realmente cremos que é a vontade de Deus que Ele nos conceda o Espírito e se Ele quer o melhor para nossa vida com trechos bíblicos, como Lucas 11:13. É claro que Ele quer e deseja muito. No segundo caso, Francis Chan pega um pouco mais pesado, pois não há como fugir da vontade de Deus para aquele que entregou sua vida a Ele, portanto, é afirmado que sim, muitas vezes Deus nos levará a situações que atualmente possa parecer assustadora, mas é necessário para que nos santifiquemos e que Seu Reino se expanda. Ele nos dará a força necessária para que possamos concluir nossa missão.
                Ao final de cada capítulo, é colocado um testemunho de pessoas comuns que, cheias do Espírito, foram conduzidas a realizar atos poderosos, gerando motivação ao leitor e a convicção de que é possível. É possível a transformação completa de vidas e situações, é possível que Deus nos use de tal forma que nunca poderíamos imaginar para abençoar outras pessoas. Tudo é possível para Deus, novamente, com a liberdade de agir do seu santo Espírito. Pessoas antes egoístas, rixosas, broncas, pela transformação do Espírito Santo, fundaram ONGs que até hoje são fundamentais na sociedade, abriram seus lares para adoção, são exemplos para outras pessoas por sua alegria e amor ao próximo. Só mesmo uma experiência com Deus e a permissão de Seu Espírito agir para pessoas serem transformadas de tal maneira.
                Chan deixa claro que o poder que vem do Espírito é para a edificação da igreja, para o bem comum, mas principalmente para glorificar a Cristo. Ainda questiona de forma incentivadora, nossa relação de intimidade com Deus. Parar para ouvir, se desligar dos afazeres, muita coisa ao mesmo tempo, sair da zona de conforto, enfim, são algumas das formas que podemos fazer para ouvir a voz de Deus; uma necessidade de quem realmente depende dEle e proclama que é Ele quem está no controle de sua vida. Francis nos questiona se as pessoas atribuem à nossa transformação uma única possibilidade: Deus.
                A partir da metade do livro, Francis parece chamar o povo para um novo ou renovado tempo. São palavras misturadas de amor, exortação, entusiasmo e paixão, onde nos mostra a importância do Espírito Santo e cita a aterrorizante possibilidade de extinguirmos o Espírito em nós, com negligência, falta de obediência, dependência e relacionamento. Há também a triste realidade entre os cristãos que buscam demasiadamente o Espírito e são constantemente esfriados e freados por outros cristãos. Devemos nos atentar para a ideia de que nós mesmos estejamos bloqueando o crescimento espiritual de outrem. Deus é uma Pessoa ilimitada e nós, limitados, certamente nunca existirá alguém que tenha o suficiente dEle, sempre existe mais. Devemos praticar um ambiente de liberdade e incentivar (não refrear) aquele que está com sede, eliminando o sufocamento do mundo, suas limitações, regras e imposições.
                Realmente, como o autor diz, é possível ser uma pessoa com um mínimo de moral e seguir um caminho limitadamente reto e justo sem ter o Espírito Santo. O Espírito é para aqueles que desejam seguir a Cristo por inteiro; participar de Seus sofrimentos, amar a Deus sobre todas as coisas e participar com Ele na manifestação de sua glória. É muito mais do que ser chamado para vencer os problemas diários e as situações corriqueiras de nossas vidas, é um chamado para viver uma fé radical. Em Filipenses 2:12-13, Paulo fala sobre o desenvolvimento da salvação, colocando uma responsabilidade a nós cristãos; não é somente o Espírito que age, é uma via de mão dupla. Devemos ter “envolvimento contínuo, luta constante e busca permanente”, para que o Espírito Santo possa continuar nos capacitando e orientando para que possamos então agir.
                Depois de deixar bem claro a importância do Espírito Santo na vida do cristão, Francis termina com uma bela oração de entrega, declarando nossa falha para com Ele e confessando as muitas vezes que O resistimos. Pede-se a transformação de nossas vidas e de nosso caráter por Ele para que possamos ser levados a uma situação de adoração genuína. Que o Espírito possa retirar todos nossos medos e que sejamos tão cheios de amor e domínio próprio que possamos ter atração em atender os anseios da igreja e das pessoas que carecem da presença do Senhor. Mesmo sem saber exatamente o que significará para nós, individualmente, devemos sempre pedir: venha Espírito Santo, venha!