O DEUS
ESQUECIDO
Revertendo nossa trágica negligência para com o Espírito Santo
(Francis Chan com Danae Yankoski)
O
Deus esquecido certamente é uma obra escrita por alguém apaixonado pelo
Espírito Santo. Podemos perceber isso ao longo das páginas do livro, através do
qual Francis Chan, de forma contagiante e apaixonante, vai desenvolvendo e
intensificando uma bela linha de pensamento sobre a terceira Pessoa da
Trindade. É interessante ressaltar que o próprio autor negligenciou o Espírito de Deus por um bom tempo em sua caminhada.
Chan
relata as mudanças pelas quais a Igreja passou, se tornando mais envolvente a
partir das décadas de 80 e 90, mas não necessariamente com a direção e presença
do Espírito de Deus. Muitas igrejas têm amparado seu crescimento na
intensificação de suas atrações e no entretenimento, negligenciando o poder do
Espírito Santo em conduzir suas atividades. Francis é categórico ao declarar a
necessidade do cristão e da Igreja em se submeter e buscar o Espírito de Deus,
e nos relembra como a igreja primitiva vivia nos tempos do livro de Atos.
Pedro, um homem iletrado, após o dia de Pentecostes, pregou para uma multidão,
e três mil pessoas foram convertidas. Houve milagres e prodígios, todos
repartiam seus pães e viviam em comunhão. O autor acredita que podemos
vivenciar o mesmo que aqueles apóstolos vivenciaram naqueles tempos pelo poder
do Espírito de Deus.
Francis Chan faz um apelo aos cristãos que abram sua mente sobre a verdade sobre o
Espírito de Deus assim como está escrito; discorre pouco sobre a revelação
bíblica de que o Espírito Santo é Deus, compensando ao afirmar categoricamente
ao longo das 142 páginas, que sem completa submissão e dependência a Ele, não
poderemos ter uma vida plena e abundante. Chan cita algumas passagens chave
contra doutrinas estranhas como Daniel 10:13, onde diz que Miguel é um dos
príncipes, refutando a ideia de que Jesus é o único arcanjo (Ele é Deus) e João
14:16 sobre “o outro Conselheiro”
(consultar estudos bíblicos).
Com
ousadia, o autor vai aos poucos encorpando o alimento, gradualmente tocando em
assuntos mais sérios, como alguém que pretende impactar e sacudir seus leitores.
Discorre sobre o fruto do Espírito, atitudes como mansidão, domínio próprio,
paz, amor, fidelidade, bondade e benignidade, e com sabedoria, afirma que se as
atitudes do leitor não correspondem às citadas, certamente não está “vivendo
pelo espírito”.
O
medo como forma de não se sujeitar a Deus é tocado no livro. Existem dois medos
que tomam conta dos crentes: o medo de que Deus não nos responda e não nos
encha do Espírito, e o medo de que Ele responda e nos leve a situações
desconfortáveis. Bem, no primeiro caso, o autor instiga nossa fé cruzando
algumas perguntas se realmente cremos que é a vontade de Deus que Ele nos
conceda o Espírito e se Ele quer o melhor para nossa vida com trechos bíblicos,
como Lucas 11:13. É claro que Ele quer e deseja muito. No segundo caso, Francis
Chan pega um pouco mais pesado, pois não há como fugir da vontade de Deus para
aquele que entregou sua vida a Ele, portanto, é afirmado que sim, muitas vezes
Deus nos levará a situações que atualmente possa parecer assustadora, mas é
necessário para que nos santifiquemos e que Seu Reino se expanda. Ele nos dará
a força necessária para que possamos concluir nossa missão.
Ao final de cada capítulo, é colocado um testemunho de pessoas comuns que, cheias
do Espírito, foram conduzidas a realizar atos poderosos, gerando motivação ao
leitor e a convicção de que é possível. É possível a transformação completa de
vidas e situações, é possível que Deus nos use de tal forma que nunca
poderíamos imaginar para abençoar outras pessoas. Tudo é possível para Deus,
novamente, com a liberdade de agir do seu santo Espírito. Pessoas antes
egoístas, rixosas, broncas, pela transformação do Espírito Santo, fundaram ONGs
que até hoje são fundamentais na sociedade, abriram seus lares para adoção, são
exemplos para outras pessoas por sua alegria e amor ao próximo. Só mesmo uma
experiência com Deus e a permissão de Seu Espírito agir para pessoas serem
transformadas de tal maneira.
Chan
deixa claro que o poder que vem do Espírito é para a edificação da igreja, para
o bem comum, mas principalmente para glorificar a Cristo. Ainda questiona de
forma incentivadora, nossa relação de intimidade com Deus. Parar para ouvir, se
desligar dos afazeres, muita coisa ao mesmo tempo, sair da zona de conforto,
enfim, são algumas das formas que podemos fazer para ouvir a voz de Deus; uma
necessidade de quem realmente depende dEle e proclama que é Ele quem está no
controle de sua vida. Francis nos questiona se as pessoas atribuem à nossa
transformação uma única possibilidade: Deus.
A
partir da metade do livro, Francis parece chamar o povo para um novo ou
renovado tempo. São palavras misturadas de amor, exortação, entusiasmo e
paixão, onde nos mostra a importância do Espírito Santo e cita a aterrorizante
possibilidade de extinguirmos o Espírito em nós, com negligência, falta de
obediência, dependência e relacionamento. Há também a triste realidade entre os
cristãos que buscam demasiadamente o Espírito e são constantemente esfriados e
freados por outros cristãos. Devemos nos atentar para a ideia de que nós mesmos
estejamos bloqueando o crescimento espiritual de outrem. Deus é uma Pessoa ilimitada
e nós, limitados, certamente nunca existirá alguém que tenha o suficiente dEle,
sempre existe mais. Devemos praticar um ambiente de liberdade e incentivar (não
refrear) aquele que está com sede, eliminando o sufocamento do mundo, suas
limitações, regras e imposições.
Realmente,
como o autor diz, é possível ser uma pessoa com um mínimo de moral e seguir um
caminho limitadamente reto e justo sem ter o Espírito Santo. O Espírito é para
aqueles que desejam seguir a Cristo por inteiro; participar de Seus
sofrimentos, amar a Deus sobre todas as coisas e participar com Ele na
manifestação de sua glória. É muito mais do que ser chamado para vencer os
problemas diários e as situações corriqueiras de nossas vidas, é um chamado
para viver uma fé radical. Em Filipenses 2:12-13, Paulo fala sobre o
desenvolvimento da salvação, colocando uma responsabilidade a nós cristãos; não
é somente o Espírito que age, é uma via de mão dupla. Devemos ter “envolvimento
contínuo, luta constante e busca permanente”, para que o Espírito Santo possa
continuar nos capacitando e orientando para que possamos então agir.
Depois
de deixar bem claro a importância do Espírito Santo na vida do cristão, Francis
termina com uma bela oração de entrega, declarando nossa falha para com Ele e
confessando as muitas vezes que O resistimos. Pede-se a transformação de nossas
vidas e de nosso caráter por Ele para que possamos ser levados a uma situação
de adoração genuína. Que o Espírito possa retirar todos nossos medos e que
sejamos tão cheios de amor e domínio próprio que possamos ter atração em
atender os anseios da igreja e das pessoas que carecem da presença do Senhor.
Mesmo sem saber exatamente o que significará para nós, individualmente, devemos
sempre pedir: venha Espírito Santo, venha!
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